Resumo:
Desde sua gênese, o corpo feminino nunca foi interpretado totalmente como de direito das mulheres, pois sempre foram os homens – médicos, educadores, sociólogos, dentre outros – os responsáveis pela legitimação de uma gama de discursos que pretendiam educá-lo. O que chamo de literatura das ausências e das emergências, configura-se partindo das concepções de Boaventura de Souza, ao teorizar uma sociologia das ausências e das emergências. Assim, o corpus deste trabalho são dois contos – New York e Os olhos verdes de Esmeralda – da escritora Miriam Alves e seu heterônimo Zula Gibi; estabelecendo um diálogo entre as duas escritas, enfatizando em três eixos: corpo, violência e afetos, nas narrativas lesboafetivas. Estas tessituras literárias abrem caminhos para problematizarmos algumas questões do universo ficcional lésbico, desde o silenciamento até o direito de existir destas identidades. Partindo destes pressupostos, trago um plano de análise metodológico, tendo como ponto de partida a experiência da mulher lésbica, das personagens, nas prosas de Miriam Alves e Zula Gibi, discutindo os seguintes pontos: como a afrolésbica ocupa outro lugar de fala ao fugir dos modelos ditos femininos (casar, ser mãe) e não reproduzir os moldes da família patriarcal? Como essas histórias são construídas e de que maneira subverte os paradigmas sociais contemporâneos? Por que as identidades lésbicas são tratadas como segredo nos enredos, questionando e resistindo ao status quo socialmente padronizado?
Ano da publicação: 2016
Publicado por/em: XV ABRALIC
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