2 de julho de 2019

“Em papel carbono e barbante”: currículo, normatividade e agência a partir de experiências escolares de jovens lésbicas

Autora: Thaís Priscila de Souza Torres


Resumo: 
Tomando a educação escolar enquanto espaço-tempo híbrido de produção de subjetividades, este estudo teve como objetivo compreender as narrativas sobre experiências escolares de jovens lésbicas. Norteiam a pesquisa os seguintes questionamentos: como a escola tem lidado com as estudantes lésbicas? Que estratégias de vigilância e controle das sexualidades essa instituição tem implementado em seu cotidiano em relação a essas jovens? Que políticas de agência as estudantes lésbicas desenvolvem para lidar com os mecanismos de controle e abjeção na escola? Como a presença dessas estudantes atravessa e modifica a produção de sentidos sobre gênero e sexualidade no currículo escolar? O recorte empírico envolveu um corpus constituído por entrevistas com jovens mulheres na faixa etária entre 18 e 20 anos, que possuem relacionamento afetivo-sexual com outras mulheres, residentes de Recife e Regiões Metropolitanas. A análise do corpus pautou-se num diálogo com a crítica pós-estruturalista, que se apresenta como uma lógica problematizadora das relações de poder em relação às subjetividades marginalizadas. Para essa perspectiva, a realidade social é construída a partir das relações discursivas, sempre de maneira contingente e temporal. Foi possível perceber que o mundo social da escola é uma arena em constante disputa de significados sobre gênero e sexualidade. Essa produção de sentidos, ainda emana fortemente de uma matriz heterossexual e cisnormativa, evidentemente hegemônica a fim de produzir uma estabilização/correspondência entre sexo, gênero e sexualidade. Espera-se de um corpo feminino uma identidade feminina e um desejo sexual-afetivo pelo não-feminino. Mas, se as normas delineiam estratégias de padronização de corpos e desejos, a partir dela também se tecem fios precários de vidas vivíveis, que sinalizam saberes e vivências alternativas. As experiências narradas pelas jovens lésbicas despontam a escola como espaço-tempo de práticas ambivalentes. Mesmo que ainda percebidas e tratadas como abjetas, suas existências revelam as fissuras da estrutura discursiva cis-heteronormativa e, ao mesmo tempo, costuram caminhos (im)prováveis de vida escolar para estudantes LGBT, deslocando sentidos sobre gênero e sexualidades no currículo escolar.

Ano da publicação: 2018

Publicado por/em: PPG Educação - Dissertação - Universidade Federal de Pernambuco

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